Conto "Naquela Noite Choveu..."
Da janela do quarto fitava o horizonte nebuloso, as árvores cambaleavam a um lado como alguém que não possui domínio da própria vida, que a qualquer instante pode ser levado e arrancado da terra para sempre e suas raízes nunca mais se firmariam. Por um desejo de evidenciar este fato que não fora cumprido, resolveu fechar a janela, a chuva estava invadindo o quarto, aguçaria então os ouvidos a escutar o tilintar da chuva no telhado escorrendo pelo chão, a ventania agitada e impetuosa sobre as árvores, o mais delicioso de se ouvir seria os relâmpagos, evidenciar este fenômeno natural causava-lhe uma sensação estranha próxima e intima mas pouco compreensiva. Adormecer naquela tempestade arrebatava-lhe os sentidos a participar daquele evento majestoso e enquanto conectava-se com as forças naturais, seu corpo adormecia lentamente – Bendita noite para...