Poema gótico "O Discurso de Satã"
Sempre presente
O observo cautelosamente
Emergiu da terra uniforme.
O deixarei assim- disforme.
Dar-te-ei palavras universais.
Amor, Dinheiro e Paixão.
Faça mantras e magias.
Meu escravo sem visão!
O Homem:
Tenho percorrido a Terra.
Cantado com as nações.
A todas acendo velas.
Em nenhuma estive são.
A doença me consome.
O cansaço me acompanha.
E tu onde estavas, cão?
Satã:
Não me viste à noite?
Eu estava a te olhar...
Ofereci a teu ventre bebida.
E contigo fui deitar...
Violentou-me a noite toda!
E não me fez delirar!
Já esqueceste os amores?
Meu escravo e vilão!
O Homem:
O conheço; sei que mente!
Aquela donzela assim quis.
Satisfiz os desejos dela.
E ainda pediu bis.
Não foi amor! Foi desejo!
Carne com carne humana
Fogo e luxuria na cama.
Tu és um vacilão!
Satã:
Não ofenda o teu mestre!
Sou príncipe da razão.
Governo por séculos mentes.
Nenhuma me diz: não!
A todos convenço à força.
Tenho poder de submissão!
O Homem:
Havia esquecido disso:
Do super ego exaltado!
Do texto fantástico!
E das graciosas ilusões!
Espere um pouco;
O meu drink beberei.
Festejo o coração.
Satã:
Beba no cálice que te dou.
Embriague-se com devassidão.
Faça vitimas nesta noite.
Às use-pratique fornicação.
Divirta-se filho das trevas.
Escravo em diversão.
O Homem:
Desculpe, não entendi!
Estava a olhar a dama!
Veja, está embriagada.
E para mim acena.
Aliás, que discurso pobre!
Dele não se envergonha?
Esperava mais eloquência.
Vou cortejar a dama...
Satã:
Que ultraje!
Mortal infeliz!
Tenho o que queres!
O Homem:
Cavalheiro,
dar licença!
Neste mundo
há problemas!
Não importa
de onde venhas.
Teu discurso
é um enfado.
Cala-te,
beberei com os amigos.
Mulheres
amarei...
Darei o
desejo que querem
E no fim...
Morrerei.
Muito lindo! Que bela poesia, típica da segunda geração romântica. Um Álvares de Azevedo contemporâneo. Parabéns!
ResponderExcluirFicou da hora
ResponderExcluirValeu. Em breve: contos, crônicas e mais poemas do mesmo gênero.
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